O maior duelo de Texas Lino
Texas Lino nunca foi um homem de sonhar, afinal na maior parte da vida dormiu com o olho esquerdo aberto, guardando as madrugadas. Mas foi num sonho, lá na distante juventude da idade, que Texas travou um de seus mais famosos duelos, contra o maior rival que alguém pode enfrentar. Depois de muita festa na aldeia dos Cherokees, onde consumiu inúmeros peyotes com o amigo Chefe Lumbee, Texas apagou e fez uma viagem transcendental, mudando sua vida para sempre.
Perdido num deserto de cores vibrantes, ventos sinuosos, com sons de tambores desritmados vindos do céu, oprimido pelo cansaço físico e perturbação mental, engatinhando na areia quente em busca de água, Texas Lino deparou-se com uma figura monstruosa à sua frente. Era um ser pavoroso, grotesco, mais alto e mais forte do que qualquer homem, tinha a face doentia e exalava de suas vestes um cheiro repugnante. Ao esbarrar nele, Texas viu-o levantar o braço e sentiu pousar aquela medonha mão em sua cabeça. Imediatamente uma sensação gelada percorreu a espinha de Texas e uma violência descomunal o levou a encostar sua testa na areia fervente. Dor, humilhação, solidão, fracasso, inferioridade e um vazio no peito tomaram conta de todo o universo de Texas naquele momento. Texas sentiu o medo preenchendo cada espaço de suas entranhas. Isso, o próprio medo estava ali, subjugando nosso herói.
Nunca saberemos se foram horas, anos, ou décadas naquela posição, pode até ser que tenha durado uma fração de segundo. Sem clamar por ninguém, sem pensar em fugir, Texas começou a levantar. Com os dentes trincados pela fúria, forcejou o corpo contra a enorme força de seu adversário, apoiou a mão direita no ombro daquele ser horroroso, alinhou seu rosto ao rosto do inimigo, encarou-o nos olhos e sorriu. Uma gargalhada de prazer e loucura que ainda ecoa por dimensões infinitas.
O medo, de vez em quando, aparece para visitar Texas Lino. Fita-o dormindo, toca em sua pele, ronda seus pensamentos, mas jamais ousou abaixar sua cabeça novamente.
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