A mesa (ou das coisas que acontecem parte 2)

Os casais se dividem entre os que sentam de frente e os que sentam ao lado. Vicente explicava a mais nova pesquisa britânica, publicada recentemente em algum lugar, que afirmava: Casais que sentam de frente, durante as refeições, são mais apaixonados. Um burburinho irrompeu, todos opinaram sobre as pesquisas britânicas, que são muitas e quase sempre tão importantes quanto o príncipe Charles.

Após receber todos os elogios possíveis pelo jantar que preparou, Isadora, que estava de frente para Débora, propôs um brinde aos amigos. Pouco depois os homens monopolizaram novamente a conversa, esbravejando qualquer coisa sobre o Beckham e outras inutilidades anglo-saxãs. Elas se olharam e discretamente saíram da mesa. Caetano já estava rouco, o vinil precisava ser trocado.

Isa perguntou se poderia colocar um clássico, já pegando “A Voz, O Violão, a Música de Djavan”. Ao som de Flor de Lis foram ver o movimento na rua, sentir a brisa da noite, embalar seus corpos na rede da sacada. Cantarolaram alguns versos, beberam mais alguns goles de vinho e toda vez que seus olhares cruzavam, sorriam. Débora entendeu o que Isadora já sabia, nada mais poderia ser feito, haviam ultrapassado a barreira. Sem parar de sorrir, deram as mãos.

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