Vinte e Nove de Agosto de Dois Mil e Vinte e Um

Ontem saímos para fora do bairro pela primeira vez em dezessete meses, que não fosse para emergências ou obrigações. Decidimos passear na Redenção. Melhor máscara, alquigel, lugar a céu aberto, uber na ida e na volta. Me senti um turista, olhando para os prédios, novos estabelecimentos comerciais, lembrando de outros que não existem mais, prestando atenção em cada detalhe das pessoas, curtindo o barulho da cidade, o vento gelado no fim de tarde, o trânsito, os cheiros da cidade.

No parque, uma variedade de pessoas e modos de encarar a rua. Poucos como nós, grande maioria com máscaras de pano, boa porção sem máscara. Difícil ficar à vontade enxergando tanta gente dividindo o mesmo espaço. No entanto, encaramos, mantendo distância, dando drible de corpo e torcendo para que o vírus não desse um jeito de transpassar a Pff2.

Em alguns momentos do passeio parecia que o mundo não tinha mudado. Ainda rolam grupinhos praticando esportes, bancas de artesanato, música, comida de rua. Mas eu sei que tudo mudou. Todos sabemos.

Usaremos máscaras eternamente? Quantos mais vão morrer? Teremos novos picos da doença? Surgirão novas variantes? A vacinação venceu? Na minha cabeça ensaio a volta, a retomada parece próxima. E no mesmo segundo que esse otimismo aparece, ele vai embora.

Ir lá fora valeu a pena. Nesse tempo em que estivemos aqui dentro, tudo pareceu uma grande coisa só. Estamos verdadeiramente cansados.




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